Parceria poderá se expandir no futuro para outras áreas de pesquisa, gerando benefícios para além do monitoramento do Influenza.
O Institut Pasteur de São Paulo (IPSP) e a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) deram mais um passo importante para a implementação de um projeto de pesquisa inovador que visa monitorar as mutações do vírus da Influenza em águas residuais na cidade de São Paulo. No último dia 16, foi realizada uma reunião no IPSP entre representantes das duas instituições para discutir os detalhes da colaboração, que avança para a formalização. A parceria tem como objetivo central monitorar as variantes do vírus da Influenza em circulação e gerar dados que poderão contribuir para o desenvolvimento de vacinas mais eficazes e rápidas.
Pela CETESB, participaram da reunião a diretora de Qualidade Ambiental, Carolina Fiorillo Mariani; o assessor da Diretoria,Ricardo Marques; o coordenador executivo do Núcleo de Inovação e Tecnologia, Marcelo Gomes Sodré; a gerente da Divisão de Microbiologia e Parasitologia, Mikaela Renata Funada Barbosa; e a gerente do Departamento de Análises Ambientais, Maria Inês Zanoli Sato. No IPSP, eles foram recebidos por Paola Minoprio, diretora executiva, e Rúbens Alves, coordenador do grupo de pesquisa de Vigilância Genômica e Inovação em Vacinas, que lidera o projeto.
Paola Minoprio destacou a relevância da colaboração para a ciência e para a saúde pública, afirmando que “essa parceria com a CETESB representa um avanço significativo no monitoramento da Influenza em um contexto urbano denso como o de São Paulo. Além disso, abre portas para novos projetos conjuntos entre as duas instituições, fortalecendo a inovação em saúde pública e ambiental.”
Rúbens Alves explicou como funcionará o processo de coleta de amostras de águas residuais e sua importância para o sucesso do projeto. “A ideia inicial é realizar coletas em diversos pontos estratégicos da cidade, como na zona norte, no centro e em bairros como o Jardim Paulista, com o objetivo de capturar a diversidade das populações que essas amostras representam. Essa abordagem nos permitirá rastrear a dinâmica de circulação do vírus em diferentes áreas da cidade, e os dados poderão fornecer
previsões mais precisas sobre surtos de Influenza, oferecendo às autoridades de saúde pública informações cruciais para ações preventivas.”
Segundo Alves, a CETESB terá um papel central não apenas no apoio a coleta das amostras de águas residuais, mas na transferência de conhecimento do monitoramento ambiental de vírus em águas residuais, desde a seleção dos pontos de amostragem até a concentração e preaparo de amostras, facilitando a detecção de fragmentos genéticos do vírus da Influenza, permitindo uma análise mais eficiente e precisa no laboratório do IPSP. “Essa experiência trazida pela CETESB é fundamental para que possamos trabalhar com segurança e aumentar nossas chances de identificar as variantes virais em circulação,” acrescentou Alves.
Conforme mencionado pela equipe da CETESB, a Companhia possui um programa sólido de vigilância ambiental (VA) para poliovírus e V. cholerae desde os anos de 1970, expandido na última década para SARS-CoV-2 e outros vírus de interesse de veiculação hídrica, em parceria com o Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde. O projeto de pesquisa de monitoramento do vírus da Influenza em águas residuais de São Paulo vem somar a esse Programa, com o apoio mútuo entre os profissionais das instituições parceiras.
O projeto, que tem duração prevista de quatro a cinco ano, é financiado pelo Institut Pasteur de São Paulo e de Paris e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Além de monitorar a circulação do vírus, o projeto busca criar uma plataforma de vacina inovadora, baseada em RNA auto-replicativo, capaz de ser atualizada com mais rapidez para conter novas cepas.
A colaboração com a CETESB poderá se expandir no futuro para outras áreas de pesquisa, potencializando os resultados e gerando benefícios para além do monitoramento de Influenza.