Institut Pasteur de São Paulo

Como a impressão 3D alavancou a testagem da Covid-19 na SPPU

Como a impressão 3D alavancou a testagem da Covid-19 na SPPU


 

29 de julho de 2021 – Em março de 2020, no início da pandemia da Covid-19, a Plataforma Científica Pasteur-USP (SPPU, na sigla em inglês) criou uma célula de intervenção de urgência para a realização de testes de diagnóstico molecular (RT-PCR) do SARS-CoV-2.  À época, a SPPU tinha acabado de se integrar à RUDIC (Rede USP para o diagnóstico da Covid-19) e havia escassez de material de testagem no mercado global. Para não interromper esse trabalho, foi necessário importar swabs da França. O problema é que o estoque do material não era suficiente. Foi aí que entraram em cena três impressoras 3D, doadas pela Polícia Federal após confisco na alfândega para a Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) e emprestadas para a SPPU.

“Como tínhamos experiência em trabalhar com impressora 3D, pegamos modelos de swabs, que estavam disponibilizados gratuitamente na internet, e rapidamente iniciamos a produção”, conta André Nicolau Aquime Gonçalves, pesquisador do grupo de Biologia Integrativa da SPPU e um dos profissionais que estiveram à frente deste trabalho. “Em seis semanas, foram produzidos 2.272 swabs, e ainda conseguimos fazer mais de 200 máscaras de proteção facial”, lembra ele.

Segundo a coordenadora SPPU, Paola Minoprio, os primeiros dois meses do trabalho de testagem foram realizados apenas com o material importado da França e com a produção interna de swabs. “Sem essa produção interna, não teríamos conseguido realizar milhares de testes”, destaca.

Barato e com qualidade – Os swabs foram produzidos com material PLA e algodão hidrofílico e tiveram um custo 92,31% menor, quando comparados aos dos produtos de mercado. O modelo caseiro também se mostrou mais maleável e resistente, o que propiciava maior conforto ao paciente durante a coleta de amostras da nasofaringe e orofaringe.

Após a impressão, passavam por um processo de esterilização, submetidos à radiação (25kGy) no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). “Também realizamos testes usando amostras contaminadas para comparar a eficiência dos nossos swabs com os produtos comerciais”, afirma Gonçalves.

Com a normalização da oferta desses produtos no mercado, a produção dos swabs deixou de ser prioridade. Hoje, as impressoras estão sendo usadas para fins diversos na SPPU. No laboratório onde Gonçalves atua, por exemplo, estão sendo fabricados organizadores de tubos de ensaio para diferentes gradações – 1 ml, 0,6 ml ou 0,2 ml –, que otimizam e organizam o armazenamento das milhares de amostras nos freezers -80ºC.