A Tripanossomíase Humana Africana (HAT, na sigla em inglês), ou doença do sono, é uma infecção parasitária encontrada na África e transmitida pela picada da mosca tsé-tsé. Forma-se um caroço dolorido no local da picada, seguido de sintomas como febre intermitente, dor de cabeça, dor nas articulações, lesões de pele e sonolência. Pode comprometer o sistema nervoso central, causando meningoencefalite (inflamação do cérebro) e levando à morte.
Causas
A doença é causada pelos protozoários Trypanosoma brucei gambiense ou Trypanosoma brucei rhodesiense, transmitidos ao ser humano pela picada da mosca tsé-tsé infectada. A infecção também pode ser transmitida da mãe para o feto.
Sintomas
Um caroço doloroso pode se formar no local da picada em até duas semanas. Durante semanas, os protozoários se espalham pelo corpo, e o indivíduo infectado manifesta febre, calafrios, dores de cabeça e nas articulações. Nessa fase, a doença é facilmente tratável, mas de difícil diagnóstico. Quando o cérebro é afetado, o paciente apresenta dores de cabeça persistentes, sonolência, dificuldade de concentração e de equilíbrio. Se a doença não for tratada, os danos no cérebro levam ao óbito. No caso de infecções por Trypanosoma brucei gambiense, o indivíduo pode levar meses ou até anos para apresentar sintomas mais evidentes.
Epidemiologia
A doença do sono ocorre em 36 países da África, em áreas rurais onde vivem as moscas tsé-tsé. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 97% dos casos reportados são causados pelo Trypanosoma brucei gambiense, encontrado nas regiões oeste e central do continente. O restante dos casos é provocado pelo Trypanosoma brucei rhodesiense, encontrado nas regiões leste e sul.
Grande parte da população afetada vive em áreas remotas e de acesso precário a serviços de saúde, dificultando o diagnóstico e tratamento adequados. A África já enfrentou uma série de epidemias da doença até os anos 1990. Com as ações da OMS e programas nacionais de controle, o número de casos caiu 73% entre 2000 e 2012. Em 2009, o número de casos foi abaixo de 10.000 pela primeira vez em 50 anos e em 2015 foram registrados 2.804 casos.
Prevenção, tratamento e vacinas
Não existe vacina contra a doença do sono. Para a prevenção, recomenda-se evitar áreas infestadas com moscas tsé-tsé e, se estiver em área de risco, usar calças e blusas de manga comprida grossas e usar repelentes contra insetos.
Há medicamentos eficazes contra os dois protozoários causadores da doença, administrados por via intravenosa, e o tratamento varia caso a infecção tenha atingido ou não o cérebro. Em 2018, foi aprovado um novo fármaco via oral para tratar a doença.