Institut Pasteur de São Paulo

Coronavírus

Coronavírus


 

O que é o Coronavírus (SARS-CoV-2)?
Coronavírus são vírus envelopados composto de RNA simples fita, linear e de polaridade positiva. Com aproximadamente 30 mil bases, os coronavírus apresentam o maior genoma entre todos os vírus de RNA. Em humanos os Coronavírus estão geralmente relacionados a infecções respiratórias do trato respiratório superior, porém podem também causar infecções do trato respiratório inferior, levando a formas clínicas mais graves. Os primeiros coronavírus humanos foram identificados na década de 1960. Hoje cerca de quatro coronavírus humanos são conhecidos (229E, OC43, NL63 e HKU-1), apresentando circulação sazonal por todo o globo e responsáveis por até 1/3 dos quadros de resfriado comum. Nas últimas duas décadas, vimos surgir três coronavírus zoonóticos e emergentes denominados de Coronavírus relacionados à Síndrome Respiratória Aguda Grave: o identificado na China em 2003 (SARS-CoV), o Coronavírus relacionado à Síndrome Respiratória do Oriente Médico, identificado na Arábia Saudita em 2012 (MERS-CoV), e o Coronavírus causador da Síndrome Respiratória Aguda Grave-2 (SARS-CoV-2), identificado no início de 2020 na China e cujo doença foi denominada de COVID-19, Doença do Coronavírus 2019. Os coronavírus emergentes são altamente patogênicos apresentando uma taxa de mortalidade entre 2% e 35% e com capacidade de transmissão diferenciada entre eles.
 
Qual a origem do SARS-CoV-2?
Coronavírus são encontrados em uma grande diversidade de mamíferos e aves. Os morcegos são reconhecidos como hospedeiros naturais desses vírus e abrigam a maior diversidade entre todos os mamíferos, sendo considerados como os maiores e mais importantes reservatórios. Certamente, a grande a maioria dos coronavírus encontrados em mamíferos foram originados de coronavírus ancestrais de morcegos, mas outros animais podem atuar como fontes de transmissão, tais como roedores, bovinos e camelos.
O novo coronavírus, SARS-CoV-2 apresenta uma relativa similaridade genômica com o SARS-CoV de 2003 (~80% de homologia nucleotídica), sendo o SARS-CoV-2, muito provavelmente, originado de um ou mais eventos de transmissão de Coronavírus de uma espécie animal para humanos tendo um ancestral de morcegos como seu antecessor. Esta hipótese é reforçada pelo fato de o Coronavírus com maior similaridade genômica ao SARS-CoV-2 ter sido encontrado, até o momento, em morcegos do gênero Rhinolophus da China, linhagem denominada de RatG13). O coronavírus RatG13 apresenta uma homologia de 96% com SARS-COV-2, considerando o genoma completo. Apesar desta similaridade, diferenças importantes são encontradas principalmente no gene Spike, mais especificamente no domínio de ligação com o receptor. Interessantemente, coronavírus com similaridade no genoma completo acima de 90% com o SARS-COV-2 foram também identificados em Pangolins. Alguns desses coronavírus de pangolins apresentam uma elevada similaridade no domínio de ligação com o receptor. Apesar disso, ainda não foi identificado o vírus progenitor do SARS-Cov-2, tão pouco seu hospedeiro, podendo se tratar de morcegos, pangolins ou outros hospedeiros ainda não identificados.
 
Como ocorre a transmissão do vírus?
O Coronavírus é aparentemente transmitido entre humanos através do contato com secreções respiratórias de pessoas infectadas, denominadas de “droplets” ou  gotículas que são liberadas no ar por meio do espirro e tosse ou através de contato pessoal próximo por um período específico e a menos de 1 metro e através de aperto de mão, beijo e abraço. As gotículas podem ser inaladas ou podem atingir as mucosas da boca, nariz e olhos por meio de objetos ou superfícies contaminadas como mesas, celulares, maçanetas, teclados etc. Caso o indivíduo toque em objetos contaminados e coloque a mão na boca, olhos ou nariz, que são as portas de entrada do vírus, ele será infectado.
 
Quanto tempo o coronavírus sobrevive em superfícies e no ar?
O tempo de sobrevivência viral é variável conforme a superfície, quantidade de vírus, umidade e incidência solar. Alguns estudos científicos indicam que outros coronavírus podem persistir em materiais como metal, plástico e vidro por até 9 dias, enquanto outros mencionam 24h em papelão e três dias em plástico para o coronavírus SARS-CoV-2.
 
Qual é o período de incubação?
O tempo de exposição ao vírus e início dos sintomas é de 1 a 14 dias.
 
Pessoas assintomáticas podem transmitir o vírus?
Sim
 
Animais domésticos podem ser infectados e transmitir o vírus?
A Infecção de animais ainda não foi comprovada apesar de relatos presentes na mídia da detecção de RNA de SARS-CoV-2 em animais de estimação, como cachorros e gatos, e animais silvestres, como Tigres presentes em zoológicos. Estudos de infecção controlada também demonstraram a possiblidade de infecção em felinos domésicos e ferrets, demonstrando uma possível suceptibilidade desses animais à infecção pelo SARS-CoV-2. Estudos futuros a respeito da possível infecção desses animais são necessários para análise da possível ação como hospedeiros e transmissores. Até o momento não foram relatados casos de infecção através de animais domésticos e, sendo assim, a transmissão de SARS-CoV-2 tem sido reportado apenas de humano para humano. No entanto, em caso de positividade, é sugerido manter distanciamento dos animais domésticos assim como de outros indivíduos.
 
Quais são as medidas de prevenção?
A recomendação do Ministério da Saúde é que as pessoas que podem ficar em casa permaneçam em suas residências. O isolamento social é muito importante para diminuir a propagação do vírus e evitar que o sistema de saúde fique sobrecarregado. 
 
Em locais públicos:
– Evite aglomerações e contato físico (como abraços, beijos, aperto de mãos).
– Mantenha distância de no mínimo 2 metros entre as pessoas.
– Use máscaras caseiras
– Evite tocar olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas. 
– Ao tossir ou espirrar, cubra a boca com um lenço (e jogue-o no lixo) ou com o braço, nunca com as mãos.
– Sempre que possível, lave as mãos com água e sabão até a altura dos punhos, esfregando também entre os dedos e as partes internas das unhas. Na impossibilidade disso, higienize as mãos com álcool gel 70%.
 
Em casa:
– Não entre em casa com os sapatos que usou na rua. 
– Ao entrar em casa, coloque as roupas usadas para lavar e tome banho na sequência.
– Intensifique os cuidados com a higiene: pisos e demais superfícies podem ser limpos com uma solução de água com água sanitária (uma parte de água sanitária para 3 partes de água). Isso inclui as embalagens de produtos ou sacolas plásticas de supermercado.
– Geladeiras, freezers, fornos, fogão e demais eletrodomésticos devem ser limpos e higienizados com regularidade, com água, sabão e sanitizantes ou água sanitária. O mesmo vale para as paredes, chão e tetos.
– Objetos, como óculos, celulares, tablets e teclados, também devem ser higienizados, idealmente com álcool isopropílico 70. 
– Mantenha a casa arejada
– Para alimentos que serão consumidos crus, como os vegetais folhosos, remova as folhas externas ou danificadas, separe as folhas uma a uma, lave-as com água tratada abundante e deixe-as em imersão, por 15 minutos, em uma solução de água sanitária (uma colher de sopa diluída em um litro de água), lavando-as depois com água tratada corrente novamente. Para vegetais não folhosos e frutas a serem consumidos com a casca, o procedimento deve ser o mesmo. 
– O tratamento dos alimentos pelo calor, como cozimento e fritura, quando feito corretamente, elimina os vírus caso esteja contaminando o produto cru.
 
Como proceder se algum familiar estiver doente?
– O doente deve se isolar em casa e evitar contato físico com outras pessoas, principalmente idosos e portadores de doenças crônicas. Se morar com outras pessoas, deve se isolar em um quarto. 
– No quarto usado para isolamento, deve-se manter as janelas abertas.
– A porta deve estar fechada durante todo o isolamento.
– Ao sair do quarto para ir ao banheiro, por exemplo, as superfícies onde o doente tocou devem ser higienizadas com água, sabão e sanitizantes ou álcool 70%
– O lixo produzido pelo doente precisa ser separado e descartado.
– Toalhas de banho, talheres, copos e outros objetos usados pelo paciente também devem ser separados.
– Todos os moradores da casa devem permanecer em isolamento por 14 dias
 
Quais são os sintomas da COVID-19?
Os sintomas de COVID-19 são variáveis quanto a severidade. Existem relatos de casos assintomáticos até casos severos de pneumonia e morte. Os principais sintomas da COVID-19 são: febre, tosse, dor de garganta e dificuldade para respirar. As consequências mais graves ocorrem quando o vírus chega aos pulmões, causando acúmulo de líquido nos alvéolos e insuficiência respiratória, podendo levar à morte. Pessoas com mais de 60 anos e aquelas com doenças crônicas, como, por exemplo, diabetes, problemas cardiovasculares e respiratórios, correm mais risco de desenvolver quadros graves.
 
Quem deve ir ao hospital?
Os sintomas iniciais mais comuns do novo coronavírus são parecidos com os da gripe incluindo febre, tosse seca, dificuldade de respirar, fraqueza e dor muscular. Por isso, em caso de suspeita, e apresentando quadro leve, deve-se permanecer em casa por 14 dias, acompanhando e evolução dos sintomas. Caso a pessoa presente falta de ar e febre alta, que não diminui com remédios, deve-se procurar o médico imediatamente. 
 
Existe tratamento? 
Ainda não existe medicamento específico para a COVID-19; o tratamento é feito de modo a combater os sintomas para evitar o agravamento da doença, realizando apoio respiratório conforme a necessidade.
 
Existe vacina?
Não, mas no mundo todo cientistas correm contra o tempo para desenvolver uma vacina. A expectativa é que tenhamos uma em 2021 ou 2022.
 
Quando uma pessoa infectada pode ser considerada curada?
É necessário que o paciente esteja 14 dias sem sintomas e apresente dois resultados negativos nesse teste dentro de 24 horas. No entanto, não é incomum a detecção de coronavírus por longos períodos.
 
Pessoas já contaminadas ficam imunes após serem curadas?
Um estudo da Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai, dos Estados Unidos, indica que sim, pois essas pessoas estariam produzindo anticorpos contra o vírus. Nesse estudo, a equipe testou 624 pessoas cujos exames deram positivo para o novo coronavírus e se recuperaram. No início, apenas 511 delas tinham altos níveis de anticorpos, 42 apresentaram baixos níveis e 71 não tinham anticorpos. Quando 64 dos indivíduos com níveis fracos ou inexistentes foram testados novamente mais de uma semana depois, no entanto, todos, exceto três, tinham pelo menos alguns anticorpos.
 
Quais os testes existentes no Brasil?
– RT-qPCR: a confirmação é obtida através da detecção de fragmentos do RNA do SARS-CoV-2 na amostra respiratória analisada. Diferentes amostras respiratórias podem ser utilizadas incluindo lavado ou aspirado nasofaríngeo, swab nasofaríngeo, swab orofaríngeo, aspirado traqueal, saliva, lavado brocoalveolar ou catarro. Entre o 3º dia após o início dos sintomas e até o 10º dia, seu resultado é muito preciso.
– Sorologia: verifica a resposta imunológica em relação ao vírus. Isso é feito a partir da detecção de anticorpos IgA, IgM e IgG em pessoas que foram expostas ao SARS-CoV-2. Nesse caso, o exame é realizado a partir da amostra de sangue do paciente.
– Testes rápidos: detectam anticorpos, identificando uma resposta imunológica do corpo em relação ao vírus. O problema é que a taxa de erro é de até 75%, dependendo do teste.